quarta-feira, maio 04, 2005

Uma voz na pedra

Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

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3 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

de morrer...há sempre outro azul que nos segura, não é?

maio 05, 2005 1:48 PM  
Blogger sereno said...

"O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono."
Como eu...mas nao me importo.
Nao me importo de amar em abandono.
E a ti, amiguinha...mas disso acho que nao tens duvidas!
um abracao !
[*]

maio 05, 2005 8:58 PM  
Blogger Unknown said...

Não respondas nem perguntes: Age!
Bjzz
Kraak/Peixinho aka Quem sou eu?

maio 09, 2005 1:22 AM  

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